ANGÉLICA FREITAS: POÉTICA DA CHUVIA
A poeta e xornalista Angélica Freitas naceu en Pelotas (Rio Grande do Sul) en 1973.
Coñézolle tres poemarios: Rilke Shake (São Paulo: Cosac Naify, 2007); um útero é do tamanho de um punho (São Paulo: Cosac Naify, 2013, de moito impacto entre a crítica e lectores) e Canções de atormentar (São Paulo: Companhia das Letras, 2020). Suficiente como para ser considrerada unha da voces poéticas máis interesantes e valiosas do Brasil actual. Tamén publicou “quadrinhos”, banda deseñada, imaginamos como autora do guión, ao igual que Ana Pula Simonaci. E participa en múltiples colectáneas representando a poesía brasileira. Tamén é editora en MModo de Usar & Co.
A súa poesía foi ligada (Ricardo Domeneck) coas fratasies medievais e tamén é ligada a poetas satíricos do nonsense (para nós “absurdo”) como Sapateiro Silva, Edward Lear, Christian Morgentern, ou o dadaísmo de Hans Arp. Tamén foi considerda nela a prática da goooglagem (forma de distribución literaria alternativa, tamén forma de creación a partir de procuras no google) e co traballo de poetas EEUU do Movimento PLARP.
Ben, agora explicaremos a nosa concepción poética da poesía de Angélica Freitas. Primeiramente rexeitamos a consideración nonsense (absurdo) por canto para chegar a establecela é fundamental o auxilio da razón, pois é a razón quen establece que ten sentido e que non o ten. O teatro do absurdo, a escrita do absurdo porque tamén na narrativa se ten manifestado (en Borges, por exemplo), é comprensíbel a súa existencia e prática desde o momento en que contradicindo a razón lóxica obriga a pensar noutras coordenadas diferentes ou mesmo profundizar nas presentadas desde outro punto de vista.
Desfacer o discurso racional para a partir de aí crear (quen le) outro discurso no mesmo campo semántico (mediante a razón)? Ten sentido. O que non ten sentido é o termo nonsense.
Lida a poesía de Angélica Freitas, acho que é máis semellante a unha poética da chuvia que a unha poética do absurdo. Explícome. Os versos son como pigas, gotas, de chuvia, debemos ter en conta que esas pingas/versos teñen moi pouca diferenza entre eles, igual que as pingas de chuvia se asemellan entre elas, poden ser máis grosas, poden ser máis finas, poden precipitarse con forza, poden caer suavemente sobre a nosa pelo ou sobre a terra…mais sempre son gotas de auga coa mesma composición química e material. A diferenza, o que as fai diferentes porque dá lugar a cousas distintas, é o lugar onde caen as gotas, as pingas de auga/os versos. Se caen na pel refrescan ou transmiten frío, obrígannos ao recollemento en nós mesmos, nun lugar seguro. Igual que os versos de Angélica; pode que a súa progresión temática non sexa a agardada, que xogue co estrañamento desde este recurso, e iso precisamente obriga a que nos re-pensemos, e desde aí, desde o interior de nós mesmos acadar o universal. A fin de contas é o que se persegue cando se escribe poesía: desde o interior (introspección poética) de quen poeta chegar ao interior de quen le, e dese modo lograr unha mensaxe universal, válida para calquera que lea, en calquera lugar e momento.
O que non entendemos, o irracional, o non sense, o absurdo, estráñanos e incomódanos. E cando chove tamén nos incomoda se non estamos preparados. Igual que cando lemos, tamén nos incomoda aquilo para o que non estamos preparados; e iso acontece sempre que abrimos un libro de poesía (sobre todo).
As conexións deste tipo de poesía co dadaísmo son obvias, trátase de crear evitando a razón para que non interfira na mensaxe, para liberarse. Tamén co surrealismo, a finalidade é a mesma. E eu acho tamén conexión co concretismo, porque, outra vez a finalidade é a mesma, construir un texto que pola súa forma e contido estrañe (no concretismo desde a brevidade máis absoluta e con certas semellanzas co cubismo).
O que non estou disposto é a considerar este tipo de poesía como xocosa ou cómica. A finalidade non é provocar riso, senón provocar a reflexión. Si hai certa sátira, precisamente co mesmo abxectivo antedito. Desdramatizar para volver configurar pensamento dramático, reflexivo
Imos coa súa poesía
(No Pensador)
as mulheres são
diferentes das mulheres
pois
enquanto as mulheres
vão trabalhar
as mulheres ficam
em casa
lavando a louça
e criam os filhos
mais tarde chegam
as mulheres
estão sempre cansadas
vão ver televisão.
(En O bibliotecario de Babel)
ítaca
se quiser empreender viagem a ítaca
ligue antes
porque parece que tudo em ítaca
está lotado
os bares os restaurantes
os hotéis baratos
os hotéis caros
já não se pode viajar sem reservas
ao mar jônico
e mesmo a viagem
de dez horas parece dez anos
escalas no egito?
nem pensar
e os freeshops estão cheios
de cheiros que você pode comprar
com cartão de crédito.
toda a vida vocês quis
visitar a grécia
era um sonho de infância
concebido na adultidade
itália, frança: adultério
(coisa de adultos?
não escuto resposta)
bem se quiser vá a ítaca
peça a um primo
que lhe empreste euros e vá a ítaca
é mais barato ir à ilha de comandatuba
mas dizem que o azul do mar
não é igual.
aproveite para mandar e-mails
dos cybercafés locais
quem manda postais?
mande fotos digitais
torre no sol
leve hipoglós
em ítaca compreenderá
para que serve
a hipoglós.
***
metonímia
alguém quer saber o que é metonímia
abre uma página da wikipédia
depara com um trecho de borges
em que a proa representa o navio
a parte pelo todo se chama sinédoque
a parte pelo todo em minha vida
este pedaço de tapeçaria
é representativo? não é representativo?
eu não queria saber o que era
metonímia, entrei na página errada
eu queria saber como se chegava
perguntei a um guarda
não queria fazer uma leitura
equivocada
mas todas as leituras de poesia
são equivocadas
queria escrever um poema
bem contemporâneo
sem ter que trocar fluídos
com o contemporâneo
como roland barthes na cama
só os clássicos
***
querida angélica
querida angélica não pude ir fiquei presa
no elevador entre o décimo e o nono andar e até
que o zelador se desse conta já eram dez e meia
querida angélica não pude ir tive um pequeno
acidente doméstico meu cabelo se enganchou dentro
da lavadora na verdade está preso até agora estou
ditando este e-mail para minha vizinha
querida angélica não pude ir meu cachorro
morreu e depois ressuscitou e subiu aos céus
passei a tarde envolvida com os bombeiros
e as escadas magírus
querida angélica não pude ir perdi meu cartão
do banco num caixa automático fui reclamar
para o guarda que na verdade era assaltante
me roubou a bolsa e com o choque tive amnésia
querida angélica não pude ir meu chefe me ligou
na última hora disse que ia para o havaí
de motocicleta e eu tive que ir para o trabalho
de biquíni portanto me resfriei
querida angélica não pude ir estou num
cybercafé às margens do orinoco fui sequestrada
por um grupo terrorista por favor deposite
dez mil dólares na conta 11308-0 do citibank
agência valparaíso obrigada pago quando voltar
[in Um útero é do tamanho de um punho, Cosac Naify, 2012]
……………………………………..
Na SCRIB
……………………………………………..
(En NotaTerapia)
era uma vez uma mulher
e ela queria falar de gênero
era uma vez outra mulher
e ela queria falar de coletivos
e outra mulher ainda
especialista em declinações
a união faz a força
então as três se juntaram
e fundaram o grupo de estudos
celso pedro luft
………………..
uma mulher incomoda
é interditada
levada para o depósito
das mulheres que incomodam
loucas louquinhas
tantãs da cabeça
ataduras banhos frios
descargas elétricas
são porcas permanentes
mas como descobrem os maridos
enriquecidos subitamente
as porcas loucas trancafiadas
são muito convenientes
interna, enterra
…………..
uma mulher gostava muito de escovar os dentes
escovava-os com vigor
escovava-os de manhã de tarde e de noite
os três melhores momentos do dia
escovava-os com muita pasta
num movimento circular
alternando as arcadas
enquanto recitava
para dentro para baixo
o sutra prajnaparamita
ou a canção if i had a hammer
ao cuspir sentia-se muito melhor
……………
queridos pai e mãe
tô escrevendo da tailândia
é um país fascinante
tem até elefante
e umas praias bem bacanas
mas tô aqui por outras coisas
embora adore fazer turismo
pai, lembra quando você dizia
que eu parecia uma guria
e a mãe pedia: deixem disso?
pois agora eu virei mulher
me operei e virei mulher
não precisa me aceitar
não precisa nem me olhar
mas agora eu sou mulher
……………..
a mulher é uma construção
deve ser
a mulher basicamente é pra ser
um conjunto habitacional
tudo igual
tudo rebocado
só muda a cor
particularmente sou uma mulher
de tijolos à vista
nas reuniões sociais tendo a ser
a mais mal vestida
digo que sou jornalista
(a mulher é uma construção
com buracos demais
vaza
a revista nova é o ministério
dos assuntos cloacais
perdão
não se fala em merda na revista nova)
você é mulher
e se de repente acorda binária e azul
e passa o dia ligando e desligando a luz?
(você gosta de ser brasileira?
de se chamar virginia woolf?)
a mulher é uma construção
maquiagem é camuflagem
toda mulher tem um amigo gay
como é bom ter amigos
todos os amigos têm um amigo gay
que tem uma mulher
que o chama de fred astaire
neste ponto, já é tarde
as psicólogas do café freud
se olham e sorriem
nada vai mudar –
nada nunca vai mudar –
a mulher é uma construção
……………….
(En Musa Rara)
DENTADURA perfeita, ouve-me bem:
não chegarás a lugar algum.
são tomates e cebolas que nos sustentam,
e ervilhas e cenouras, dentadura perfeita.
ah, sim, shakespeare é muito bom,
mas e beterrabas, chicória e agrião?
e arroz, couve e feijão?
dentinhos lindos, o boi que comes
ontem pastava no campo. e te queixaste
que a carne estava dura demais.
dura demais é a vida, dentadura perfeita.
mas come, come tudo que puderes,
e esquece este papo,
e me enfia os talheres.
…………………….
fim
keats quando estava deprimido
se sentindo mais pateta que poeta
vestia uma camisa limpa
eu tomei um banho
com os dedos ajeitei os cabelos
vesti roupas limpas
olhei praquele espelho
o suficiente pra
sem relógio caro
fazer pose de lota
e sem pistola automática
pose de anjo do charlie
então eu disse: “é, gata”
rápida peguei as chaves
saí num pulo
só fui rir no elevador.
………………….
não consigo ler os cantos
vamos nos livrar de ezra pound?
vamos imaginar ezra pound
insano numa jaula em pisa enquanto
os americanos comiam salsichas
a pasta de amendoim na barracas
querido ezra, quem sabe o que é cadência?
vamos nos livrar de marianne moore?
……
“a mulher quer”:
a mulher quer ser amada
a mulher quer um cara rico
a mulher quer conquistar um homem
a mulher quer um homem
a mulher quer sexo
a mulher quer tanto sexo quanto o homem
a mulher quer que a preparação para o sexo aconteça lentamente
a mulher quer ser possuída
a mulher quer um macho que a lidere
a mulher quer casar
a mulher quer que o marido seja seu companheiro
a mulher quer um cavalheiro que cuide dela
a mulher quer amar os filhos, o homem e o lar
a mulher quer conversar pra discutir a relação
a mulher quer conversa e o botafogo quer ganhar do flamengo
a mulher quer apenas que você escute
a mulher quer algo mais do que isso, quer amor, carinho
a mulher quer segurança
a mulher quer mexer no seu e-mail
a mulher quer ter estabilidade
a mulher quer nextel
a mulher quer ter um cartão de crédito
a mulher quer tudo
a mulher quer ser valorizada e respeitada
a mulher quer se separar
a mulher quer ganhar, decidir e consumir mais
a mulher quer se suicidar
………………
(en António Miranda)
FAMÍLIA VENDE TuDO
família vende tudo
um avó com milito uso
um limoeiro
um cachorro cego de um olho
família vende tudo
por bem pouco dinheiro
um sofá de três lugares
três molduras circulares
família vende tudo
um pai engravatado
depois desempregado
e uma mãe cada. vez mais gorda
do seu lado
família vende tudo
um número de telefone
tantas vezes cortado
um carrinho de supermercado
família vende tudo
uma empregada batista
uma prima surrealista
uma ascendência italiana & golpista
família vende tudo
trinta carcaças de peru (do natal)
e a fitinha que amarraram no pé do júnior
no hospital
família vende tudo
as crianças se formaram
o pai faliu
deve grana para o banco do brasil
vai ser uma grande desova
a casa era do avó
mas o avó tá com o pé na cova
família vende tudo
então já vii
no fim da quinhentos contos
pra cada um
o júnior vai reformar a piscina
o pai vai abrir um negocio escuso
e pagar a vila alpina
pro seu pai com muito uso
família vende tudo
preços abaixo do mercado
february mon amour
janeiro não disse a que veio
mas fevereiro bateu na porta
e prometeu altas coisas
‘como o carnaval’, ele disse.
fevereiro é baixinho,
tem 1,60 m e usa costeletas
faria melhor propaganda
do festiva) de glastonbury.)
pisquei ligeira nas almofadas:
‘nem tô, fevereiro
abandonei o calendário’.
‘você é um saco’, ele disse
e foi cheirar no banheiro.
l’enfance de l’art
porque eu perdia a pose mamãe me deu uma cadeira
elegante de veludo burgundy. três anos no balé tutus e
tafetás e ainda perdia a pose.
mamãe disse vou comprar uma cadeira para que pelo
menos sente elegantemente, papai chegava tarde e ao
me ver sentada lendo pedro nava suspirava e tirava
trollope da estante, «leia os clássicos,
é importante.» era o entendimento de papai o self-made
man o marido de mamãe a de quatro sobrenomes.
daí minha aversão a heráldica e estofados.
daí por que nunca li chaucer antes.
a mulher pensa
a mulher pensa com o coração
a mulher pensa de outra maneira
a mulher pensa em nada ou em algo muito semelhante
a mulher pensa será em compras talvez
a mulher pensa por metáforas
a mulher pensa sobre sexo
a mulher pensa mais em sexo
a mulher pensa: se fizer isso com ele, vai achar que
[faço com todos
a mulher pensa muito antes de fazer besteira
a mulher pensa em engravidar
a mulher pensa que pode se dedicar integralmente
[à carreira
a mulher pensa nisto, antes de engravidar
a mulher pensa imediatamente que pode estar
[grávida
a mulher pensa mais rápido, porém o homem
[não acredita
a mulher pensa que sabe sobre homens
a mulher pensa que deve ser uma “supermãe” perfeita
a mulher pensa primeiro nos outros
a mulher pensa em roupas, crianças, viagens,
[passeios
a mulher pensa não só na roupa, mas no cabelo,
[na maquiagem
a mulher pensa no que poderia ter acontecido
a mulher pensa que a culpa foi dela
a mulher pensa em tudo isso
a mulher pensa emocionalmente
mulher de um homem só
lá vem a mulher
de um homem só
só pela rua deserta
em sua bicicleta
sem bagageiro
está passando
a mulher de um homem só
só pela rua deserta
em sua bicicleta
sem bagageiro
acabou de passar
a mulher de um homem só
só pela rua deserta
em sua bicicleta
se bagageiro
silêncio
…………………….
(En Posfácio)
- entre ringues polifônicos e línguas multifábulas
entre facas afiadas e o elevado costa e silva
entre dumbo nas alturas e o cuspe na calçada
alça vôo a aventura na avenida angélica
e hoje de manhã trabalha e amanhã avacalha
a viação gato preto colando um chiclete
adams de menta no assento daqueles bancos de trás
entre ringues polifônicos e tênis alados
entre paulistas voadores e portadores esvoaçados
de baseados no bolso das calças jeans
entre o canteiro central da paulista e a vista do vão do masp
entre os que eu quero e os que queres de mins
[…]
…………………..
(na Enem)
…………………..
(Na Janela de poemas)
reinvenção do front
sabe bala zunindo
e soldado lendo
carta de amor
na trincheira
zzzzzzpiiiiiiiiiiiiiiiuuuu?
sou eu,
love-lorn soft-porn
tenho sempre
para a Musa
um poema na traqueia
uma prosa
sob a blusa
musiké
tenho pavor de festinhas
aparo as arestas da farsa
visto minha roupa nova
mas hoje não saio de casa
*
emoção sem opção
viajar no avião
da manteiga aviação
minas gerais
a pia pinga
até a medula a pia pinga
galo canta a pia pinga
noite e dia pinga pinga
você cresceu você casou
houve um golpe militar
a pia pinga e o menino
da esquina virou padre
a pia pinga
a pia pinga toda
a caixa d’água
………………..
En SeraFina
……………..
(Na Gama)
porto alegre, 2016
quando você viu na TV
aquelas pessoas em fila na chuva
à noite numa estrada
na fronteira de um país que não as deseja
e quando você viu as bombas
caírem sobre as cidades distantes
com aquelas casas e ruas
tão sujas e tão diferentes
e quando você viu a polícia
na praça do país estrangeiro
partir para cima dos manifestantes
com bombas de gás lacrimogêneo
não pensou duas vezes
nem trocou o canal
e foi pegar comida
na geladeira
não reparou o que vinha
que era só uma questão de tempo
não interpretou como sinal a notícia
não precisou estocar mantimentos
agora a colher cai da boca
e o barulho de bomba é ali fora
e a polícia vai para cima dos teus afetos
munida de espadas, sobre cavalos
hora mágica
a esta altura da manhã
em que o parque é povoado
por velhos e bebês de colo
o relógio digital do poste
nunca informa o horário certo
a sônia
a partir de uma série de fotos de claudia andujar
nada de errado
esses peitos
esses braços
se alguém quiser saber
barriga, costelas, umbigo
quisemos
tudo
*
querer as pernas
de outra mulher
para depois do amor
ser quadrúpede
alguns dirão
era só
o que nos faltava
*
o que estarás
pensando, azul
de olhos fechados
o que acontece
dentro dessa cabeça
por favor me diz
que pensavas
em coisas banais
(bananas, arraias
coqueiros, praias)
menos em dinheiro
*
diante de ti
reclinada assim
nua
um homem saberia
exatamente o que fazer
e por isso mesmo
erraria
eles erraram
*
amada
vacinada
*
tomaste um líquido
que te deixou assim
acesa quando tudo
se apaga
esta manhã
estiveste na praia?
estás mais loira
do que a lua
*
me deixa por um momento
pensar que esses cabelos
são nuvens
e que deixaste de pensar
porque estás
nas nuvens
*
uma boca se oferece
quantas vezes?
mais uma vez, uma última vez
e desta vez, a outra mulher
*
quantas vezes pode
uma mulher deixar
a casa
e o trabalho virar corpo
e o corpo virar casa
e entender que volta
não existe
*
sônia, escutas?
de olhos fechados
sintonizas
a rádio tosca
transmitindo
entre ouvidos
por que foste
querer isto?
onde estavas
com a cabeça?
*
alguém um dia
te disse
tu és tão bonita
ou tu te olhaste
no espelho
e pensaste
sou tão bonita
que triste ser bonita
ser bonita o suficiente
ser bonita
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